Consequências positivas do voluntariado ambiental na empresa.

As efeitos positivos do investimento de recursos humanos pela empresa em ações voluntárias para a sociedade são tão grandes, que atualmente há estudos internacionais para identificar os principais aspectos desse prática.

A Internacional Association for Volunteer Effort (https://www.iave.org) liderou o estudo “O Estado da Arte do Voluntariado Empresarial” com o objetivo de ajudar empresas e organizações a ampliar e fortalecer a atuação voluntária, seja em nível local, nacional ou global. Foi feita uma avaliação da natureza e do escopo do voluntariado empresarial no mundo inteiro com as tendências, desafios e oportunidades que o caracterizam. Também aprofundaram o estudo sobre as empresas globais para ver como organizam e gerenciam seus esforços voluntários.

A publicação foi produzida em parceria com a Global Corporate Volunteer Council (https://www.iave.org/corporations/gcvc/). A nova etapa do estudo está incluindo também maiores aprendizagens sobre a América Latina, promovendo até uma conferência sobre o tema em 2017 (https://www.iave.org/event/7a-conferencia-regional-iave-de-voluntariado-de-america-latina/)

Ao contrário do que se esperava, a recessão mundial parece ter fortalecido o voluntariado empresarial. Segundo a pesquisa, as empresas globais relatam uma renovação na disposição dos empregados para atuar como voluntários, além iniciativas mais criativas para responder a problemas comunitários emergentes e uso mais estratégico da ação voluntária.

Os voluntários também estão levando suas habilidades profissionais e pessoais para as ações, como as aptidões de organização e gerenciamento de projetos e o estabelecimento e cumprimento de metas de trabalho.

O estudo revelou também dinamismo e mudanças constantes nas ações corporativas! A entrada de colaboradores jovens e engajados é um dos fatores que tem trazido mudanças contínuas e positivas aos trabalhos. É a juventude corporativa introduzindo um novo padrão ao voluntariado empresarial.

Não existe uma “melhor prática”. As decisões sobre a natureza e o escopo do trabalho voluntário de uma empresa dependem da definição de critérios como cultura local, prioridades, recursos, natureza do quadro de colaboradores e realidades das comunidades em que atua. E “de quebra”, Harvard identificou que havendo participação dos colaboradores nesses processos de decisão aumenta ainda mais a coesão organizacional 😉

O mais interessante é que em relação à América Latina está surgindo um modelo diferenciado de voluntariado empresarial, centrado na transformação em vez da “ajuda”, no exercício do direito da participação cidadã ao invés de apenas “fazer o bem”. Incrível, não?

Avaliando a questão no Brasil, um bom exemplo é o de Minas Gerais. Robson Braga de Andrade, Presidente do Sistema FIEMG, em 2002, propôs um pacto em favor do Brasil, contribuindo para que mais e mais empresas passem a dedicar talentos de seus colaboradores para construir um mundo melhor, como o Conselho de Cidadania Empresarial de MG. A ideia é fazer da força das empresas, fator de transformação da sociedade. É mobilizar pessoas com foco na transformação social, tendo a participação criativa dos colaboradores como ideia-força e o voluntariado como ferramenta.

As forças de mercado em sua forma clássica foram incapazes de resolver problemas como, por exemplo, a degradação ambiental. O processo de globalização gerou grupos de pressão para novas atitudes empresariais. A atuação das empresas passa a ter interação de alguns atores independentes, como consumidores, investidores, líderes de opinião, governo e mídia.

Além disso, cada dia mais as empresas reduzem sua capacidade de absorver mão-de-obra e necessitam de uma nova sociedade de conhecimento, passando a exigir habilidades técnicas e padrões novos de raciocínio das pessoas já envolvidas com a empresa.

Aliando a pressão socioambiental e a necessidade de novas lideranças dentro da empresa, o papel do levantamento de talentos no corpo de colaboradores e sua interação com a sociedade civil (no seu entorno ou além dela) torna-se primordial para a empresa se manter na competitividade de mercado.

Um Programa de Voluntariado Empresarial (PVE) “é o apoio formal e organizado de uma empresa a colaboradores ou aposentados que desejem servir, voluntariamente, uma comunidade, com o seu tempo e habilidades” (http://www.pointsoflight.org). Construir um PVE em sintonia com seus objetivos de negócio é uma das melhores estratégias que um empresa pode adotar.

Ganha sua empresa pela maior visibilidade socioambiental, ganham os colaboradores e, naturalmente, ganha comunidade com o voluntariado da empresa. Um dos aspectos mais importantes é a possibilidade de transferir competências e disseminar conhecimentos para além dos muros da empresa. Trata-se de fortalecer pessoas dentro da organização, ajudando a formar cidadãos capazes de se apoiar mutuamente para que eles próprios mudem a realidade de suas comunidades.

Uma ação ambiental empresarial voluntária bem desenvolvida tem a capacidade de gerar eficiência de processos pela mobilização de colaboradores estimulados a participar com seus próprios potenciais e também eficiência de resultados, gerando ações ambientais socialmente relevantes e ajudando a transformar positivamente a realidade de comunidades fora do ambiente físico da empresa. O desenvolvimento de ações ambientais envolve o maior bem comum de toda a humanidade e suas consequências necessariamente extrapolam a comunidade local e refletem na melhoria da sociedade como um todo!

Mas então, a empresa deve esperar a “boa vontade” de participação dos colaboradores em ações ambientais?

Logicamente, as possibilidades de ação não se resumem a isso. Primeiro, você pode fazer campanhas internas motivando colaboradores a participar, instigando os naturalmente proativos a se inscreverem. Só isso já permite identificar novas forças de liderança entre seus colaboradores de todos os níveis hierárquicos dentro da empresa. Além disso, você pode chamar para participarem eventuais colaboradores com dificuldades de adaptação na organização, colocando-o em posição de destaque e de importância dentro da empresa. Isso aumenta o comprometimento do colaborador na missão da empresa por se sentir importante no ambiente de trabalho!

A “magia” no processo está na consequente melhoria do clima organizacional, no aumento do diálogo com os gestores, no estímulo da criatividade dos colaboradores em ações além de suas atividades dentro da empresa e na identificação de possíveis novos líderes internos com a identificação dos talentos e habilidades naturais dos participantes.

 

Outra dica importante: na definição da ação ambiental a ser implementada, deve ser feito uma análise de como a comunidade escolhida percebe a empresa, descobrir quais necessidade possam ser supridas e quais já vêm sendo feitas, como reforçar sua imagem positiva e o relacionamento com as populações ao seu entorno. Para empresas com maior alcance ou que visem visibilidade nacional ou internacional, ações ambientais em maior escala otimizam esse objetivo, como ações de proteção de espécies (da região ou não), ações em áreas protegidas ou de preservação. Para reforçar a importância da estratégia, essas decisões se tomadas de forma conjunta entre colaboradores de diversos setores e níveis hierárquicos promove a coesão interna e reforçar a ligação colaboradores-empresa.

Espero ter te gerado algum insight para sua empresa. Lembre sempre que você tem o poder e a possibilidade de melhorar a realidade socioambiental atual! Basta unir as forças internas e espalhar sua ideia para o mundo.

Bom trabalho! 😉

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