Impactos ambientais para você pensar em uma produção mais limpa (P+L) e em Produção e consumo sustentáveis (PCS) no seu empreendimento.

Hoje é dia de fazer o que mais gosto: parar de lutar contra problemas e pensar em soluções!

O conceito de Produção Mais Limpa (P+L) surgiu em conjunto pela Organização pelo Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas (UNIDO) e pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (PNUMA) no início da década de 1990, como a aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva integrada aos processos, produtos e serviços com o intuito de aumentar a ecoeficiência e reduzir os riscos à saúde e ao meio ambiente em todos os níveis de empreendimentos.

Por meio das metodologias e tecnologias de PL tem sido possível observar a maneira pela qual cada processo de produção pode se tornar mais limpo e mais eficiente, seja na economia de água, na redução da energia utilizada, na quantidade de matéria prima, ou ainda na geração intermediária ou final de resíduos. Hoje os desafios estão antes e depois do processo de produção, isto é, no ecodesign – no próprio desenho dos produtos, na substituição de materiais e nas embalagens.

Ao longo da última década, o conceito de PL foi ampliado devido às pressões de organizações não governamentais (ONGs), dos consumidores, da competição de mercado e de novos instrumentos de políticas públicas. Passou a incorporar novas variáveis, critérios e princípios incluindo as questões sociais que estavam relegadas em relação às ambientais. A evolução do conceito de PL levou à idéia de “Produção e Consumo Sustentáveis” (PCS), que reúne as duas pontas do processo produtivo com impacto direto na sustentabilidade.

O assunto está tão em voga que existem até cursos de graduação a pós graduação para haver profissionais especializados no assunto dentro de empresas de todos os portes, o que demonstra a importância e a atualidade do tema (ex curso gratuito da USP, www.veduca.com.br).

Pois bem, mas como saber aonde você pode aplicar P+L e PCS dentro do seu empreendimento?

Isso depende do porte do seu empreendimento (pequeno, médio, grande); do tipo de atividade que exerce (produtos e/ou serviços), da abrangência de seu negócio (regional, local, nacional ou global) e de que recursos naturais são utilizados no seu processo produtivo.

O legal é que as possibilidades se expandem em qualquer tipo de empresa. Desde pequenos escritórios, até grandes indústrias com setores de chão de fábrica a gerências, sempre há meios de pensar em como reduzir, otimizar ou eliminar insumos para aumentar o faturamento produtivo e/ou evitar custos de disposição de resíduos pós produção.

Por isso decidi te dar ideias ambientais pontuais e objetivas pra você observar ao seu caso específico. Vale uma reflexão em cada tópico para ver em que momento algum (uns) desses aspectos pode (m) estar “segurando” sua produtividade e a boa aceitação de seu negócio pela sociedade e pelo mercado.

Nos processos produtivos (indicadores ecológicos gerados pelos fluxos de materiais e energia):

  • retirada anual de recursos hídricos
  • consumo de madeira de desmatamento
  • geração de resíduos
  • emissões de CO2
  • consumo de energia
  • liberação de substâncias tóxicas

No ambiente produtivo:

  • odor
  • barulho
  • emissão de calor
  • uso de recursos abióticos (minerais, petróleo) e bióticos (organismos vivos)
  • presença ou ausência de etapas de separação e purificação
  • Materiais
    • Consumidos (em massa)
    • Potencial de transformação em resíduos reciclados
    • reaproveitamento no processo de resíduos sólidos, líquidos e gasosos
  • energia
    • perdas no processo
    • possíveis transformações

Na mentalidade sustentável de seu empreendimento:

  • reduzir consumo de materiais e energia
  • reduzir geração de resíduos
  • internalizar custos ambientais
  • garantir bem-estar social (interno e externo à empresa)
  • garantir que insumos materiais e energéticos sejam os menos tóxicos possível
  • evitar consequências em ecossistemas (marinhos, costeiros, bacia hidrográfica, biodiversidade afetada, espécies animais e vegetais)
  • projetar produtos, processos e sistemas ecoeficientes
  • Projetar sistema produtivo de acordo com a demanda (evitar excesso de estoque em caso de investimento em nova tecnologia)
  • Evitar diversidade de componentes (simplificação na separação para reaproveitamento)
  • Propor melhorias nos gerenciamentos administrativos e técnicos da empresa
  • Integrar e interconectar fluxos existentes de energia e materiais
  • Otimizar insumos materiais e energéticos renováveis.

Quando olhamos essa pequena lista de exemplos, não nos ocorre quantas possibilidades há dentro de cada uma delas. Por isso a gestão participativa com os colaboradores que fazem parte dos processos pode te trazer ideias interessantes, factíveis, simples e baratas! Somente quem está dia-a-dia no processo produtivo sabe “onde o sapato aperta” e pode colaborar muito com ideias de redução de custos e de utilização de recursos naturais em seu empreendimento.

Quer exemplos práticos?

Em um caso citado pela CETESB sobre uma empresa de laticínios, foi demonstrado que a simples instalação de um filtro (R$ 585,00), bombas centrífugas (R$ 3.200,00) e caixa d’água (R# 500,00), reduziu em 30% o consumo de água da rede pública pelo reaproveitamento da água da própria produção. Com isso, tiveram uma economia estimada de R$ 135.000,00/ano! Uma solução barata e simples pra tanto retorno financeiro, não é?

Uma outra ideia ainda mais simples: se precisa colocar em algum local da empresa carpete no chão (como em áreas administrativas), convém instalar em retalhos e não em peça inteira que vai de lado a lado do setor. Assim, se precisar substituir por defeito, sujeira, mancha ou desgaste em algum (uns) local (is), basta substituir os pedaços com problemas. Além de aumentar a perenidade de um material que já te gerou custos, evita a necessidade de remoção do pessoal de todo o setor para a troca completa (horas trabalhadas que se perdem!), facilita a desmontagem (tempo e energia) e ainda gera menos resíduo para o meio ambiente.

Esses são exemplos de ações extremamente simples, baratas e funcionais.

Todo gestor busca a SIMPLIFICAÇÃO e todos os ciclos que voltam pra dentro do sistema produtivo são importantes do ponto de vista de produção mais limpa. Adotar ações preventivas e não somente reativa às questões ambientais exige melhora dos processos internos mas, em compensação, menores custos em médio e longo prazo pelo reaproveitamento interno e redução dos resíduos gerados.

Mas as consequências positivas da P+L não se resumem a isso. Vale a pena destacar algumas:

  • Competitividade pela imagem de fazer mais, com menos uso de recursos ambientais
  • Capacidade de inovar (inclusive colaboradores que participam diretamente na produção, conseguem inovar, propor mudanças)
  • Responsabilidade ambiental e consequente marketing das atividades
  • redução do impacto ambiental de produtos e de financiamento
  • redução na dependência por recursos
  • redução dos resíduos e custos de sua disposição
  • garantia de ambiente melhor ao entorno e em nível global
  • redução de riscos pras pessoas e o ambiente
  • menos chance de deixar pra traz locais contaminados
  • aumento da rentabilidade do negocio por redução de custo
  • aumento da produtividade no processo de produção)
  • retorno do capital investido em curto e médio prazo
  • maior atratividade no mercado e possibilidade de expansão no mercado
  • uso mais racional da água, da energia e das matérias primas
  • redução do uso substancias tóxicas
  • motivação dos colaboradores a participar no aporte de ideias, melhorando o ambiente de trabalho
  • redução de riscos ambientais
  • melhoria no relacionamento com comunidade e órgãos públicos
  • redução de custos relativos ao não cumprimento da legislação
  • melhora a acesso de créditos e financiamento
  • menos necessidade de investimentos pra tratamento de resíduos

Então, a “beleza do processo é que a P+L implica no comprometimento da empresa, na opinião dos colaboradores que estão nos gargalos dos processos produtivos, em metas estabelecidas para o ciclo de implementação e um processo de melhoria contínua com monitoramento aprendizados e metas cada vez mais delineadas e lapidadas para otimizar o seu negócio.

E aí, topa pensar sobre essas ideias na sua empresa? Lembre sempre: o mundo precisa de você!

Até a próxima!

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